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Reitor fala sobre papel das universidades federais em Congresso Virtual da UFBA

Atualizada em 23/02/21 14:47.

Edward Madureira participou de debate com o reitor da Ufob, Jacques Miranda, e o membro do CNE Mozart Neves Ramos

Texto: Ana Paula Vieira

Imagem: Reprodução Youtube

O reitor da UFG, Edward Madureira, participou do Congresso Virtual da UFBA 2021 na noite dessa segunda-feira (22/2). Ele discutiu o papel das universidades federais em mesa com o ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Mozart Neves Ramos e com o reitor da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), Jacques Miranda. A mediação ficou a cargo do ex-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Reinaldo Centoducatte.

Edward defendeu novamente que “o Brasil tem o melhor sistema universitário do mundo”:  “Nenhum país do mundo tem 69 universidades federais; com 337 câmpus; com aproximadamente 100 mil professores, em sua maioria esmagadora, doutores; um quadro de técnicos-administrativos extremamente qualificado e aproximadamente um milhão e meio de estudantes. Com essa força coesa em torno de um projeto de país, nada é capaz de deter a transformação que esse sistema pode fazer”, analisou o reitor.

Em sua fala, Edward pontuou sobre o papel de formação das universidades federais, que formam pessoas desde a educação básica até o pós-doutorado e à educação continuada e são referências na qualidade do ensino. Mas ele lembrou também que a atuação das instituições vai além disso, devido ao papel social e articulação em prol da sociedade: “Aqueles que achavam que a universidade estava em local só de reflexão  - e nem de longe vamos diminuir o papel da reflexão, porque nesse momento os nossos docentes estão refletindo e formulando teorias que serão importantíssimas para nossa vida pós-pandemia, e aí as humanidades têm um valor inestimável -, mas as nossas universidades também respondem na linha de frente, nas tecnologias, nas urgências e emergências da população e mostraram uma capacidade única de articular com os atores da sociedade”. 

O reitor da UFG lembrou ainda a importância das universidades federais atuarem em rede e comentou uma iniciativa recém lançada pela Andifes, o Promover Ifes. Trata-se de um programa de mobilidade virtual que, em seu projeto piloto, tem quatro instituições envolvidas: as federais de Goiás (UFG), do Rio Grande (Furg), do Sul da Bahia (UFSB) e do Maranhão (UFMA). Edward refletiu sobre a iniciativa: “Trabalhar num conceito que é muito caro, que é o conceito de universidade federal do Brasil. Ou seja, esse conjunto de 69 universidades terem na graduação, na pós-graduação, na relação com a educação básica, uma ação coletiva utilizando a tecnologia a favor disso, que a gente pode potencializar enormemente nossas ações”. 

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Debate integrou a programação do primeiro dia do Congresso Virtual UFBA 2021

 

Universidade e educação básica

Mozart Neves Ramos, que atualmente é membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), concentrou sua fala na defesa da aproximação entre a universidade e a educação básica. De acordo com o professor, antes da pandemia, a cada 100 jovens que concluíam o Ensino Médio, somente nove aprendiam o que seria esperado em Matemática (considerando escolas públicas e particulares). Em Língua Portuguesa, eram 29 a cada 100. Também anteriormente à pandemia de Covi-19, segundo ele, cerca de 500 mil jovens abandonavam o Ensino Médio por ano: “Isso representa algo em torno de R$ 3,5 bilhões, porque o valor per capita por aluno do Ensino Médio é de R$ 6.500 ao ano. Isso só com o abandono. Se formos olhar o custo social além desse custo educacional, ainda é muito maior”. 

Diante desse panorama, o ex-reitor da UFPE sugere a articulação das universidades federais para contribuir com a educação básica: “Eu acho que a universidade federal, pela presença nacional, pelo seu trabalho em rede e enorme potencial de articulação, está na hora de romper com esse hiato com a educação básica. É chegada a hora das universidades federais colocarem a educação básica dentro do seu planejamento estratégico”.  Para isso, Mozart defende a criação das Unidades integradoras de ensino, que ele define como locais que possam “promover a interdisciplinaridade, trabalhar a pedagogia com diversas licenciaturas, construir pontes reais com os professores da educação básica”. Ele explica que essas unidades não teriam apenas professores da universidade, mas também envolveriam os docentes da educação básica.

Para o palestrante, a ideia é ir além de projetos, cooperações e convênios: “Me perdoem mas isso é ponto de partida, não é mais ponto de chegada. Se nós construirmos essa ponte orgânica, que passa pela formação de professores, formação de diretores ou gestores escolares, preparando as escolas para o século XXI, nós vamos ter uma capilaridade social onde temos 48 milhões de estudantes diretamente beneficiados”.

Local da crítica

O reitor da Ufob, Jacques Miranda, partiu de uma perspectiva histórica para abordar o papel das universidades federais e enfatizou a importância da institucionalidade da universidade enquanto local da crítica. “Nosso avanço de conhecimento envolve confronto histórico, exercício diário de tensão. Reorientar o futuro de modo que não seja uma continuidade simples do presente. A gente espera que a universidade seja capaz de se colocar em questão. Pensar o papel das nossas universidades pressupõe também a necessidade de repensar algumas de nossas posturas”.

Para o reitor, a universidade se apresenta como patrimônio intelectual e por isso deve confrontar questões definidas com base somente em algumas lógicas, quer do ponto de vista do tecnicismo produtivo, do mercado e da própria tecnociência. “Precisamos ter um olhar extremamente crítico. Acredito que se essa tendência não for questionada, acaba aprofundando o processo de desinstitucionalização”, alertou Jacques. Nesse sentido, a independência política é outro fator importante para a universidade, segundo o palestrante: “Somos chamados a olhar para a sociedade real e suas demandas, dialogar com os conhecimentos que produzimos e participar de diversas lutas sociais que são necessárias”. 

Na opinião de Jacques, para a universidade cumprir sua função e não se materializar de maneira neutra, acrítica, utilitária ou conciliatória, seu papel precisa ser contra-hegemônico: “É preciso que esteja além do democrático, que assuma seu papel popular mais do que público”.  Ele também ressalta que a universidade deve reassumir seu papel de vanguarda na produção e disseminação de conhecimento de maneira crítica e socialmente referenciada: É preciso que ela reflita sua função social e seja capaz de ir além da formação dos herdeiros da elite brasileira. Contribuir para que a gente possa vencer toda forma de retrocesso social, com autonomia”, finalizou. 

Confira aqui o debate na íntegra.

Fonte: Reitoria Digital/UFG

Categorias: notícias

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