Orçamento

“A gente se equilibra para manter a Universidade de portas abertas”, afirma reitor

Atualizada em 02/02/21 13:43.

Edward Madureira abordou o tema do orçamento das universidades públicas em programa da TV UFG

Texto e foto: Ana Paula Vieira

Orçamento

O reitor da UFG, Edward Madureira, falou sobre a situação orçamentária da Universidade na edição desta segunda-feira (1/2) do Programa Conexões, da TV UFG. De acordo com ele, a instituição fechou o ano de 2020 com um déficit de cerca de R$ 10 milhões, mas a defasagem prevista para 2021 é ainda maior, já que a Universidade tem uma despesa mensal de cerca de R$ 8 milhões, o que totalizaria R$ 96 milhões ao ano, mas um orçamento da ordem de R$ 60 milhões.

O déficit de cerca de R$ 30 milhões mencionado pelo reitor está baseado no orçamento aprovado, que está congelado há cerca de cinco anos, mas o orçamento previsto para 2021 no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) é cerca de 18% menor. “Situação extremamente difícil”, comentou o reitor. Em sua opinião, esse quadro remete à pouca importância que a educação, ciência e tecnologia têm no âmbito das prioridades dos governos de forma geral: “O país convive com isso desde sempre. Como isso nunca foi levado tão a sério, a gente vive de momentos. A gente se vira, vai fazendo malabarismo naquilo que os contratos permitem que a gente atrase. A gente faz uma romaria no MEC, no Congresso Nacional, aproveitando os parlamentares para ajudarem”.

Sobre o corte previsto para o orçamento de 2021, o reitor da UFG explicou o impacto nos recursos da assistência estudantil. “O corte atingiu o Pnaes [Programa Nacional de Assistência Estudantil]. Não adianta ter política de inclusão e colocar o estudante dentro da universidade. Se o estudante não tiver alguns tipos de apoio ele não fica na universidade”, pontuou Edward. De acordo com ele, o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace) tem uma estimativa de que, para a assistência estudantil chegar aos estudantes com renda per capita menor de 1,5 salário mínimo, seriam necessários recursos da ordem de R$ 2 bilhões para o conjunto das universidades federais do país, e o valor não chega a R$ 1 bilhão, portanto o montante é insuficiente. “O Pnaes é cortado em quase 20%, então vamos ter que cortar 20% do valor dos apoios, dos apoios ou do tempo dos apoios?”, questionou Edward.

Diante desse quadro de dificuldades, Edward ponderou que os gestores e a comunidade acadêmica se veem obrigados a desperdiçar energia em questões básicas como o orçamento para manutenção das atividades: “Nossos pesquisadores são cada vez mais competitivos, hoje o recurso que a gente gira fora do nosso orçamento é maior que o discricionário. Se a gente não tivesse que preocupar com o básico, a gente ia quintuplicar esse orçamento nosso com parcerias. Literalmente a gente é obrigado a usar uma parte do tempo fazendo essa corrida”.

Nesse cenário, o reitor enfatizou que a escolha é preservar a atividade fim: “É isso que a gente tem feito, e com isso o prejuízo é grande, porque você deixa de executar projetos importantes. A gente se equilibra para manter a universidade de portas abertas, porque com a Universidade de portas abertas, os professores, técnicos e estudantes têm possibilidade de se movimentar e fazer coisas importantes para a sociedade”.

O reitor também lembrou que alternativas para a redução de despesas já estão sendo promovidas pela Universidade, mas elas requerem investimentos. Um exemplo é a geração própria de energia por meio de paineis fotovoltaicos, processo que já teve início na UFG. “A conta de energia é de cerca de R$ 1,5 milhão por mês, só que para tirar essa despesa eu preciso de um investimento para produzir energia. Neste ano, a gente vai conseguir chegar a ⅓ de geração com painel fotovoltaico. Com um investimento da ordem de R$ 40 milhões eu zeraria a conta”, explicou.

Fonte: Reitoria Digital/UFG

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