UFG participa do I Seminário da Retomada, promovido pelo Governo do Estado
Pesquisadores da FACE apontaram agenda de pesquisas para a retomada socioeconômica e do desenvolvimento em Goiás
Texto: Ana Paula Vieira
Pesquisadores da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia (FACE) da UFG participaram, na manhã desta terça-feira (26/1), do I Seminário da Retomada: Ações para a Retomada Socioeconômica e Desenvolvimento de Goiás, promovido pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria da Retomada. O objetivo foi apresentar as ações e projetos da Pasta e conhecer pesquisas realizadas pelas instituições de ensino sobre Desenvolvimento Regional, visando ao estabelecimento de parcerias entre esses atores.
Os professores da FACE Flávia Rezende Campos, Sandro Monsueto, Andréa Lucena (que também é vice-diretora da Unidade), Jéssica Traguetto e Felipe Queiroz falaram sobre desenvolvimento regional, mercado de trabalho, empreendedorismo, exportações, inovação e educação financeira. Para cada ponto, eles apontaram agendas de pesquisas a serem desenvolvidas com questões importantes para a retomada socioeconômica em Goiás a partir dos impactos causados pela pandemia de Covid-19.
Pesquisas
Para a professora Flávia Rezende Campos, “nunca foi tão importante se pensar o desenvolvimento regional”, levando em consideração fatores como localização, disponibilidade de matérias-primas, incentivos fiscais e financeiros, fortalecimento do comércio exterior. Ela acredita que é preciso pensar as diferentes realidades das regiões goianas nas suas desigualdades e disparidades, numa forma de promoção de desenvolvimento um pouco menos desigual e refletindo também sobre como atrair investimentos a partir das especificidades regionais.
Já o professor Sandro Monsueto elencou outro ponto importante para a retomada do desenvolvimento em Goiás: o mercado de trabalho. Segundo ele, as pesquisas da FACE sobre o tema incluem a preocupação com a qualidade dos empregos gerados, e não apenas a quantidade de novos postos. De acordo com dados apresentados por Sandro, em Goiás a taxa de desemprego média, de 12,7%, está abaixo da média brasileira, que é 14,2%, e o mercado de trabalho goiano tem um nível de qualidade mais alto que a média dos outros estados. “Isso conjugado com o tamanho do mercado, mostra que temos oportunidade de crescer um pouco mais, gerando melhores empregos. Uma preocupação da agenda de pesquisas deve ser: como vai ser a realocação da pessoa que perdeu o emprego durante a pandemia?”, analisou o professor.
As exportações foram outro tema discutido na apresentação da UFG, pela professora Andréa Lucena, que destacou a importância dessa área para o crescimento econômico e geração de empregos. Por outro lado, Andréa comenta que o assunto é complexo e que a maioria das empresas goianas ainda não exporta continuamente: entre 2007 e 2017, das 1007 empresas que exportaram, 5% delas exportaram continuamente, 51% exportaram só um ano e 76% entre um e três anos. Para a professora, a agenda de pesquisa deve estar integrada à ações de extensão: “A gente precisa compreender que pesquisa e extensão são faces de uma mesma moeda, não só na área de comércio exterior. Para fazer pesquisa com finalidade de inserção social, com possibilidade de modificar aquela realidade, precisamos do agente junto, então precisamos de uma outra perna muito importante da universidade que é a extensão”.
Quanto ao empreendedorismo, alternativa de muitas pessoas que ficaram desempregadas durante a pandemia, a professora Jéssica Traguetto ressaltou que o cenário atual é de hiperconexão, e que os empreendedores tiveram que se adaptar a aspectos como vendas por whatsapp, delivery e drive-thru. Além disso, as mulheres sofreram mais impactos e, na opinião da professora Jessica, uma agenda de pesquisa deve contemplar políticas públicas que auxiliem na redução de desigualdade de gênero: “As mulheres sofrem muito mais os impactos, porque elas atuam nos setores mais afetados - serviços, hotelaria, turismo. Também é mais alta a proporção de mulheres na informalidade, e elas enfrentam a dupla jornada”.
Outro assunto debatido pelos pesquisadores da FACE UFG foi a inovação, que, segundo o professor Felipe Queiroz, é o principal motor de desenvolvimento de longo prazo, colaborando no aumento da produtividade de empresas e, consequentemente, levando ao crescimento econômico. Por isso, ele lembra a importância do investimento em ciência, tecnologia e inovação e destaca que o estado deve promover políticas públicas nessa área em longo prazo. “E essas políticas públicas precisam ser constantemente avaliadas porque não existe uma regra geral, a inovação tem um caráter muito incerto”, argumentou o professor.
Representando o professor Moisés Cunha, Andréa Lucena falou sobre a questão da educação financeira, abordada em diversas pesquisas da FACE sobre alfabetização financeira, consumo consciente e finanças pessoais. “As pessoas têm muitas dificuldades de lidar com suas finanças”. Segundo os dados apresentados, a média brasileira é de 67,5% de famílias endividadas, enquanto em Goiás esse número é de cerca de 57%. Entre os goianos, o endividamento com veículos, crédito pessoal e financiamento da casa tem percentual superior à média do Brasil.
Parcerias
Após as exposições, a gerente de Avaliações e Informações da Secretaria da Retomada, Suellen Mara, agradeceu e demonstrou o interesse da pasta em fazer parcerias com a Universidade. “Tem muita coisa que podemos fazer, atuando nessas ações, pesquisas, atingindo a comunidade e também tendo uma contrapartida para estudantes e pesquisadores. Nossa ideia é fazer parcerias para que a retomada seja para todos e não o crescimento da desigualdade”, pontuou a representante da Secretaria.
O Seminário também contou com a participação de pesquisadores da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e da Unialfa. A abertura teve a presença do reitor da UEG, Valter Campos. O Seminário está disponível no canal da UEG TV (clique aqui para assistir).
Fonte: Reitoria Digital/UFG
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