
Financiamento da ciência brasileira de risco é tema no Conpeex 2020
Hugo Aguilaniu, do Instituto Serrapilheira, relatou a experiência em buscar jovens cientistas de excelência no país
Texto: Fabrício Soveral
Foto: Reprodução/Streamyard
O 17º Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão da Universidade Federal de Goiás (Conpeex/UFG) realizou, na noite desta quinta-feira (22/10), a palestra “Como financiar uma ciência arriscada, diversa e de excelência” com o presidente do Instituto Serrapilheira, Hugo Aguilaniu. O evento teve como moderador o pró-reitor de Pós-Graduação da UFG, Laerte Guimarães Ferreira.
Hugo iniciou a apresentação falando sobre o Instituto Serrapilheira, que é a primeira instituição privada, sem fins lucrativos, de fomento à ciência no Brasil, e criado para valorizar o conhecimento científico e aumentar sua visibilidade. O Instituto tem como foco encontrar jovens cientistas de excelência nas áreas de Ciências Naturais, Ciências da Computação e Matemática. “A ciência tem que ser produzida, mas divulgada também, por isso esse é um dos nossos objetivos principais: a divulgação da ciência”, destacou Aguilaniu.
Ciência de dia x Ciência da noite
O presidente do Instituto Serrapilheira utilizou a figura de linguagem comparativa para exemplificar os tipos de pesquisas que eles buscam com referência, no sentido figurado, ao momento do dia em que surgem as ideias. Hugo disse que a ‘ciência da noite’ é aquela mais arriscada, porém que pode gerar mais ganhos. Ela não tem um retorno certo, mas é necessária para o avanço da ciência e são esses os tipos de pesquisas que atraem o interesse do Instituto.
Porém, ele diz que a ‘ciência de dia’ é necessária para a “sobrevivência do pesquisador”. “Os cientistas são pessoas inteligentes, eles se adaptam a regras das agências de fomento, e desenvolvem trabalhos com menos riscos, com mais garantia de retorno, e não tem problema nisso porque são financiamentos públicos então necessitam desse retorno”, explica Hugo.
Fato científico x Pesquisa científica
Aguilaniu também apontou uma comparação entre fato científico e pesquisa científica. “A terra é redonda, isso é um fato científico, nós temos vários argumentos para dizer isso, isso foi pensado há séculos, já o processo científico é um processo incerto, é um processo onde você tenta estabelecer certezas relativas, é um debate permanente e por isso é um espaço democrático”, pontuou.
Ele argumentou que não é adequado comparar a ciência com outras percepções de mundo como aquelas proporcionadas pela religião, por exemplo, sendo necessária essa separação.
Ciência no Brasil
“A ciência define o nosso futuro como país, como nação, se esse entendimento não existe as consequências podem ser terríveis”, alertou. Hugo reforçou que a divulgação científica é fundamental, não basta produzir, é preciso formar uma equipe de divulgadores, promover a articulação desta divulgação para que o conhecimento seja difundido.
Apesar do corte nos investimentos em pesquisas no Brasil e do que chamou de “fuga de cérebros” devido ao número de pesquisadores brasileiros que passaram a trabalhar no exterior, Hugo disse que é um otimista e que acredita numa retomada dos investimentos com a criação de centros de excelência para o desenvolvimento da ciência nacional. Finalizando, apontou que em áreas como a Ecologia o Brasil tem que ser o líder mundial na pesquisa científica devido à riqueza do país na área.
Conpeex 2020
O 17º Conpeex da UFG encerra-se nesta sexta-feira (23/10). Esta edição está sendo realizada totalmente on-line e a programação pode ser vista em: programacaoconpeex2020.ufg.br
Fonte: Reitoria Digital/UFG