
Reitor fala sobre desafios das universidades em congresso de Jornalismo de Educação
Evento da Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) tem como tema o jornalismo de educação na pandemia
Texto: Ana Paula Vieira
Imagem: Reprodução/Jeduca
“O que será das universidades federais no pós-pandemia?” foi tema de debate durante o 4º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, realizado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) na manhã desta quinta-feira (22/10). O reitor da UFG e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais (Andifes), Edward Madureira, o presidente da Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes), Nilton Brandão, e a jornalista da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Mariana Pezzo foram os palestrantes convidados.
O evento começou com um vídeo de um estudante de universidade federal, relatando como foi a adoção do ensino remoto e, depois do depoimento, os palestrantes falaram sobre os desafios desse momento. Edward Madureira destacou que a suspensão das aulas se deu visando à proteção das pessoas, mas isso não significa que as universidades ficaram paradas, pelo contrário, se tornaram protagonistas no enfrentamento da covid-19: “As universidades não pararam nem um minuto sequer. Tivemos que implantar o trabalho remoto e uma série de estratégias. Além disso, a universidade se mobilizou como nunca para fazer o enfrentamento da covid-19 e a espontaneidade desses movimentos foi muito interessante de ser ver. A ciência se colocou completamente a serviço da pandemia: tivemos, estamos tendo e ainda teremos inúmeras soluções vindas a partir das universidades”.
O reitor da UFG também comentou os esforços feitos para que os estudantes tivessem condições de acompanhar as aulas no Ensino Remoto Emergencial (ERE), garantindo a segurança, a qualidade e a isonomia. “Sem dúvida nenhuma é um enorme desafio nesse conjunto de questões novas: formação dos professores, dos estudantes, direito autoral, plataformas”, exemplificou Edward. Ele argumentou ainda que a Universidade não será remota, mas que será preciso debater os reflexos trazidos pelas tecnologias e novas ferramentas usadas durante a pandemia, como a possibilidade de um sistema híbrido: “Universidade é presença, contato; é um espaço de formação que vai muito além da sala de aula, acontece no pátio, nos eventos culturais, no convívio, e essa é a riqueza da universidade. Passada a pandemia, com certeza muitas tecnologias e novidades serão incorporadas, mas têm que ser incorporadas de forma crítica. Teremos que fazer esse debate”.

O presidente do Proifes, Nilton Brandão, falou sobre a atuação do sindicato no início da pandemia: “Nós, do movimento sindical, tivemos que nos deparar com uma perspectiva de defesa dos trabalhadores colocando como princípio fundamental a defesa da vida. A pandemia veio lançar luzes sobre desigualdades muito grandes no país como um todo”. Para ele, muitos aspectos precisam ser considerados na adoção do ensino remoto: “Ensino remoto tem pedagogia, forma de atuação, todo um processo pedagógico a ser desenvolvido, modalidade de atendimento, plataforma própria. Não foi simples e não está sendo simples”. Brandão também considerou que houve uma negação da pandemia por parte do governo brasileiro e criticou ações relativas ao uso de tecnologias na educação: “Que tipo de tecnologia vamos usar? Como manter isso depois? Será que nós vamos ficar reféns das plataformas privadas? A luta das universidades é o compromisso de acolher a todos, vamos fazer todo o esforço possível para recuperar o calendário. Educação não se faz até 31 de dezembro, se faz por toda a vida. O importante é que não fique ninguém para trás”
A jornalista Mariana Pezzo também comentou o cenário de desafios vividos pelas universidades mas ponderou que o momento traz pontos importantes: “O desafio é manter essa discussão viva no pós-pandemia e de certa forma entendermos parte dessa situação como oportunidade de transformação, oportunidade de capacitação e reflexão de como usar essas tecnologias como forma de apoio, na perspectiva de formação crítica para o uso dessas tecnologias e da mídia”. De acordo com Mariana, uma das questões mais importantes é estabelecer o diálogo entre universidades e sociedade: “É importante falarmos sobre as universidades, tanto para sua defesa quanto para que a crítica seja possível”. Segundo a jornalista, é preciso ir além do discurso somente de defesa da legitimidade da instituição universitária: “Eu entendo que o debate público sobre isso precisa acontecer, porque a gente tem discursos muitas vezes falaciosos, mas para que essa nossa conversa com a sociedade seja de fato mais eficaz devemos ampliar a defesa pelo sentimento de pertencimento dessa sociedade ao debate e planejamento do futuro dessas instituições”.
Os convidados ainda responderam perguntas dos participantes e debateram questões como o orçamento das universidades, a autonomia universitária e a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A mediação foi da jornalista Thais Borges. Clique aqui para assistir o evento na íntegra.
Source: Reitoria Digital/UFG
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