Reitor participa de debate sobre desafios das universidades federais
Discussão fez parte da abertura do Festival do Conhecimento da UFRJ, evento que segue até o dia 24 de julho
Texto: Ana Paula Vieira
“Desafios das universidades públicas federais no Brasil” foi o tema da abertura do Festival do Conhecimento da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), iniciado na manhã desta terça-feira (14/7), com a participação do reitor da UFG, Edward Madureira. Ele discutiu o assunto com o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), João Carlos Salles, e mediação da reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho.
Em sua fala, o reitor da UFG, que também é 1º vice-presidente da Andifes, enumerou dois desafios principais para as universidades federais: o primeiro deles, a autonomia universitária, prevista no artigo 207 da Constituição Federal. Edward explicou, em relação à autonomia, que não se trata de desconsiderar o controle e fiscalização, mas de um conceito essencial para a Universidade estabelecer um diálogo com independência e pluralidade. “A gente anseia pela regulamentação de alguns aspectos da autonomia, mas ela é um processo de construção que precisa ser conquistado na nossa prática diária, na nossa relação com a sociedade, com o poder público e com a comunidade universitária”, afirmou Edward Madureira.
O segundo desafio, na visão do reitor, é o cumprimento das metas do Plano Nacional da Educação (PNE). Ele pontua: “Nós temos uma legislação que trata do futuro da educação brasileira, o Plano Nacional da Educação, construído a inúmeras mãos, com um entendimento mínimo de 20 metas. Mas ele foi revogado quando se aprovou a EC 95 (a chamada emenda do teto de gastos); não revogado diretamente, mas revogado na medida em que se congelou os investimentos em educação”. O reitor da UFG explica que uma das metas previstas no PNE é atingir um terço dos jovens de 18 a 24 anos no ensino superior, sendo que das novas matrículas, pelo menos 40% seriam em universidades públicas. “Mas não temos a perspectiva de um projeto denso, para cumprir isso, de 2014 pra cá. Isso significa uma falta de perspectivas para jovens”, analisou o reitor da UFG.
No âmbito interno das instituições, em relação aos impactos trazidos pela pandemia de Covid-19, Edward Madureira ressaltou que os principais desafios estão na valorização da ciência e na inclusão digital. “As respostas para a nossa sociedade estão, sem dúvida, na ciência. E não só nas ciências duras, mas também na filosofia, na antropologia, que vão nos dizer como reagir depois desse período. Nosso desafio também é a valorização da ciência, que está na essência e na base da construção da sociedade e das soluções que a gente precisa”, ponderou o reitor da UFG.
Papel das Universidades
O presidente da Andifes, João Carlos Salles, concentrou sua apresentação em uma análise sobre o papel da Universidade. “Temos que pensar aqui para além do imediato. Se a universidade está sendo atacada, é porque ela tem histórico de luta pelas liberdades democráticas, é uma instituição que incomoda quem queira atacar o estado democrático de direito. Mas ela é uma forma de vida. Somos conhecimento, somos solidariedade e somos presença, não somos uma soma de salas de aula que oferece diplomas, nem uma soma de laboratórios que oferece resultados. Somos uma soma que se realiza em bibliotecas, teatros, espaços de convívio. Transborda a mera transmissão de informações e de conteúdos porque envolve um projeto coletivo de construção de significados”, destacou João Carlos.
A reinvenção da universidade e o olhar crítico para ela mesma também foram abordadas pelo dirigente: “Precisamos olhar para nós mesmos, temos o desafio constante de nos reinventar internamente. Nesse momento em que nossas atividades presenciais não são possíveis, nossa continuidade de ações não pode ser feita com uma mera idolatria de tecnologias. A marca da universidade pública é cobrar qualidade”.
Festival do Conhecimento da UFRJ
O debate entre reitores marcou a abertura do Festival do Conhecimento da UFRJ, evento que visa envolver a comunidade acadêmica e a sociedade em reflexões sobre o presente urgente e sobre a construção de mundos pós-pandemia. A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, falou sobre a importância desse momento: “Devemos fortalecer nossas instituições públicas que são na verdade um orgulho para a nação brasileira. É imperativo que as universidades se aproximem cada vez mais da sociedade e isso ocorre por meio das nossas atividades artísticas, científicas e culturais. A Universidade está viva”. O Festival faz parte das comemorações de 100 anos da UFRJ, completados em 2020, e a reitora celebra: “Continuaremos nos próximos 100 anos produzindo conhecimento e acolhendo todos aqueles que se interessam pela geração e produção de conhecimento independentemente de ideologia, credo, etnia”.
A abertura do evento também contou com a presença de autoridades da UFRJ: vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha, pró-reitora de Extensão Ivana Bentes, Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Denise Freire e Pró-Reitora de Graduação Gisele Pires. Com mais de 16 mil inscritos, o Festival recebeu 1500 inscrições de atividades gravadas, 581 ao vivo, cerca de 90 papos virtuais, 58 entrevistas e 74 palestras. A programação está disponível no site: https://festivaldoconhecimento.ufrj.br.
Fonte: Reitoria Digital UFG
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